A semana começa com o avanço das frentes de chuva sobre diversas regiões produtoras do Brasil, trazendo um cenário que exige atenção do produtor rural, especialmente para quem está iniciando o plantio da safra 2025/26.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu uma série de alertas de tempestades intensas para o Centro-Sul, abrangendo estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e, mais recentemente, áreas do interior de São Paulo e da Grande São Paulo.
Essas tempestades, classificadas em alerta laranja (perigo), trazem risco elevado de ventos fortes, queda de granizo e altos acumulados de chuva, podendo alcançar até 100 mm por dia, além de rajadas que variam entre 60 e 100 km/h. O Inmet alerta para possíveis cortes de energia elétrica, queda de árvores, pontos de alagamento e potencial para danos em plantações.
Para o plantio, a chuva é bem-vinda e pode ajudar na recuperação da umidade do solo após semanas de estiagem em partes do Centro-Oeste e Sudeste, como Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Modelos de previsão apontam que as precipitações contribuirão para equilibrar as condições da terra em boa parte dessas áreas, favorecendo o avanço do plantio de soja e milho.
No entanto, a intensidade das tempestades também requer cautela: pancadas muito fortes podem provocar encharcamento e prejudicar sementes recém-lançadas, além de expor lavouras ao risco de granizo e ventanias, que podem danificar as mudas e acarretar replantio ou gastos extras com correções.
No Sul, estados como Santa Catarina e Paraná apresentam situações distintas. Enquanto o sul paranaense mantém umidade adequada e deve se beneficiar das chuvas, o norte atravessa um dos períodos de seca mais intensos dos últimos anos, o que atrasou o início do plantio em algumas regiões. O Rio Grande do Sul, por outro lado, figura entre as áreas com maior expectativa de acumulados de chuva, o que pode acelerar a recuperação do solo e impulsionar o avanço dos trabalhos no campo.
Pelo Centro-Oeste, o clima tipicamente seco começa a dar lugar a pancadas mais regulares, mas as projeções seguem indicando chuvas abaixo da média histórica para Mato Grosso e Goiás até meados de outubro, segundo especialistas. A perspectiva para Mato Grosso do Sul é de recuperação mais firme, se confirmada a previsão de tempestades nos próximos dias. No Norte, destacam-se temperaturas elevadas – até 2°C acima da média – e um cenário de seca especialmente em Rondônia, Tocantins e Pará, com exceção de Amapá e Roraima, onde as chuvas persistem acima da média.
O Sudeste será impactado tanto pelo aumento das precipitações quanto por ondas de calor, conforme os alertas do Inmet. Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro devem registrar chuvas significativas, especialmente no início da semana, com destaque para as regiões produtoras do interior paulista e do sul mineiro, áreas tradicionalmente importantes neste período do ciclo agrícola.
Segundo meteorologistas, outubro é historicamente um mês marcado pelo início das chuvas mais regulares em boa parte do Brasil, mas a irregularidade dos volumes e o excesso pontual de tempestades podem influenciar diretamente o sucesso do plantio da safra 25/26. O fenômeno La Niña, que começa a se formar no Pacífico durante a primavera, também está sendo monitorado, pois pode impactar o padrão das precipitações nas próximas semanas.
Para o produtor rural, a orientação é acompanhar diariamente as previsões do tempo e ajustar as operações de campo conforme a evolução dos mapas de chuvas e dos alertas emitidos pelos órgãos oficiais. A expectativa é positiva para o avanço do plantio onde já chove, mas é preciso zelo nas áreas sob risco de tempestades severas e granizo, bem como cautela nos polos ainda marcados pela seca. O começo da safra será decisivo, e o clima continuará sendo o principal fator para orientar todas as etapas do trabalho no campo.
Fonte: Pensar Agro