O mapeamento da Embrapa e instituições parceiras comprovou que a expansão sustentável do cacau tem sido benéfica para a Amazônia, gerando empregos e renda à preservação da floresta.
O trabalho, intitulado “A expansão sustentável do cacau (Theobroma cacao) no estado do Pará e sua contribuição para a recuperação de áreas degradadas e redução do fogo”, foi publicado esta semana no Journal of Geographic Information System e apresenta a descrição detalhada da evolução das das plantações de cacau e, termos de expansão histórica, práticas de propriedade agrícolas, transições de uso da terra e regimes de fogo.
A área cultivada com cacau no estado do Pará vem crescendo nos últimos anos, especialmente na região da Transamazônica, tanto que o estado é hoje o maior produtor nacional do fruto, apresentando um rendimento superior a 50% do total movimentado no País – R$ 1,8 de 3,5 bilhões -, 70% do cultivo é feito em áreas degradadas, majoritariamente por agricultores familiares e em sistemas agroflorestais.
Porém há uma dificuldade em mapear e monitorar essa expansão da plantação de cacau por meio de imagens de sensores ópticos devido a diversidade dos sistemas de produção que envolvem a cultura do cacau. As características arbóreas e botânicas normalmente são confundidas com áreas de capoeira (vegetação secundária) e florestas, já que o cacau é cultivado no subbosque sombreado pela floresta. Devido a isso, foi preciso cruzar imagens de satélite obtidas pelo monitoramento regular do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), do projeto de Mapeamento do Uso da Terra na Amazônia (TerraClass) e os dados do Cadastro Ambiental Rural para verificar, em conjunto com os produtores e técnicos locais, a localização exata do cacau entre as áreas de floresta.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produziu 270 mil toneladas de amêndoas de cacau (Theobroma cacao) em 2020/2021. Sendo as regiões da Transamazônica, Sudeste do Pará, Nordeste do Pará e Baixo Tocantins as áreas mapeadas e monitoradas pela pesquisa do Pará e que estão localizadas dentre os dez municípios de maior produção de cacau. A produção cacaueira na região Norte ficou em 150 mil, sendo o Pará o responsável por 96% do total regional. O estado nortista é o maior produtor nacional desse fruto, com 1,8 bilhão dos cerca de 3.5 bilhões movimentados no País em 2020.
A pesquisa ainda constatou que a tendência de conversão de áreas de pastagens em plantios de cacau mostra a expansão da cacauicultura na Amazônia e como a atividade atua na recuperação de áreas degradadas. Os pesquisadores apontaram que nos 90 mil hectares mapeados no trabalho praticamente 100% não estão em áreas de proteção ambiental (APA) o que, segundo o estudo, demonstra a característica da agricultura familiar da atividade na Amazônia, ou seja, o mapeamento comprova que o cacau é produzido em áreas menores, não desmata e reduz o uso do fogo no preparo da terra.
O fato do cacau, que é uma cultura perene, estar associado principalmente aos Sistemas Agroflorestais e às capoeiras e florestas parcialmente exploradas fortalece a afirmação de que há uma redução drástica no uso do fogo no preparo das áreas.
A Ceplac, instituição que acompanha a expansão das lavouras cacaueiras há décadas, afirma que o crescimento da cadeia produtiva é surpreendente, além disso a área plantada também não deixa a desejar. Anualmente no Pará se planta de 8 a 10 mil hectares e possui uma produtividade média de 970 a 1 mil quilos por hectare. Essa posição é resultado de um ambiente com programas de pesquisa e desenvolvimento, além de condições edafoclimáticas da região que são ideais para esse cultivo.
O estado do Pará pode colocar o Brasil novamente em posição de destaque no cenário mundial. O país é visto como promissor para o fornecimento de cacau sustentável para o mundo. Por isso, é essencial ampliar a produtividade média nacional, que atualmente é de 300 kg/hectares. Um estudo de viabilidade econômica de sistemas produtivos com o cacau, realizado pela CocoaAction, Instituto Arapyaú e WRI Brasil em parceria com outras instituições, mostra que com a produtividade acima de mil quilos por hectare, o cacau gera uma renda de até cinco mil reais por hectare.
Fonte: Agroplus.tv
Fonte: AgroPlus