O Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) fez a apreensão de 52.250 quilos de amendoim. O produto armazenado não estava adequado para consumo ou sem garantias e selo de qualidade.
O amendoim é matéria prima na produção de doces como paçoca, pé-de-moleque, sorvete, bala, pasta de amendoim, bolos, além de ser consumido em natura. Vinte e nove dos principais centros de processamento da castanha foram fiscalizados no Brasil, nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.
A atividade foi coordenada pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov), e devido a sua grande abrangência, atingiu a maior parte do amendoim produzido e utilizado no Brasil.
Segundo Cid Rozo, o auditor fiscal federal agropecuário, chefe do Serviço de Operações Especiais do Dipov, “o objetivo da ação especial foi evitar que amendoins contaminados ou com irregularidades fossem processados, industrializados e transformados. Ao suspender o beneficiamento e o processamento de amendoins contaminados ou irregulares, a fiscalização evitou que as paçocas, pés de moleque, amendoim japonês e as pastas de amendoim fossem elaborados com amendoins contaminados por aflatoxina”.
A aflatoxina, encontrada naturalmente em amendoins, pode colocar em risco a saúde dos consumidores em termos de preço e frequência de consumo. A estimativa é expressa em partes por bilhão (ppb). “O Mapa exige que qualquer amendoim comercializado ou processado no Brasil apresente no máximo 20 partes por bilhão de aflatoxinas totais, que é a quantidade segura para consumo pela população”, disse Eduardo Gusmão, auditor fiscal federal agropecuário de Marília.
Assim que os amendoins forem colhidos, as castanhas passaram pelo processo de secagem, descascamento, limpeza e blancheamento (retirada da pele). As empresas que processam o produto, ou seja, preparam as castanhas para comercialização, devem seguir um rigoroso sistema de garantia de qualidade.
“Este sistema visa assegurar que o amendoim já beneficiado e comercializado no Brasil esteja dentro do padrão higiênico sanitário exigido pelo Mapa e que atenda aos níveis seguros de aflatoxina para o consumo da população”, explicou Gusmão.
A partir da década de 1990, quando houve uma grande crise no país, os produtores nacionais e industriais passaram a ser submetidos a um rígido controle.
Apreensões
A fiscalização teve como foco verificar a matéria-prima das indústrias de doces, salgados e de pasta de amendoim. Na área de Marília, no interior de São Paulo, 224.015 quilos de amendoim foram fiscalizados nas indústrias alimentícias e obtiveram 12.400 quilos suspensos da comercialização e processamento por estarem contaminados com toxinas aflatoxinas.
Os níveis de aflatoxina neste lote atingiram 2,5 vezes o limite permitido pela legislação brasileira. A empresa está sujeita a multa de quatro vezes o valor da transação de mercadorias, que pode chegar a até R$ 532 mil.
Os ficais responsáveis pela ação fizeram um teste rápido em prol da detecção da aflatoxina, que consiste em triturar a amostra e aplicar um reagente. A marca, semelhante a um teste rápido de Covid-19, indica se há contaminação ou não.
Na região de Ribeirão Preto, 111.290 quilos foram fiscalizados na semana de 21 a 24 de junho. Embora não tenham sido encontradas anormalidades durante a atividade, as amostras foram coletadas e enviadas ao laboratório oficial do Mapa no Pará. O resultado deve sair em até 30 dias. A Vigilância Sanitária de Ribeirão Preto monitora o desempenho das indústrias da cidade – cabe à organização garantir possíveis deficiências nos produtos já desenvolvidos.
No Rio Grande do Sul, empresas de castanhas e produtores de doces foram testados. Dos 122.987 quilos fiscalizados, 39.850 quilos foram apreendidos devido à toxicidade da aflatoxina e ao mau processamento do produto, como falta de garantia de qualidade e segurança para consumo público.
O brasileiro consome em média 1,1 kg de amendoim por ano. Nos Estados Unidos, o consumo per capita chega a 7 kg por ano e, na China, é de 12 kg por ano. A média mundial é de 6 kg de amendoim ao ano. Isso segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab).
Segundo dados da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), São Paulo produz 80% do amendoim brasileiro, com valor bruto da produção (VBP) estimado em R$ 2,9 bilhões.
Fonte: Agroplus.tv